quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

BARACK SEBASTIÃO


Neste dia 20 de janeiro, que no Rio é feriado, comemoramos o dia do padroeiro da cidade: São Sebastião. Este que foi um soldado mártir, assim como o outro santo muito festejado na cidade: São Jorge. Diria então que o Rio é uma cidade de guerreiros. Soldados que morreram lutando pela fé cristã. Não vou entrar no mérito religioso, mesmo sendo extremamente simpático aos dois santos citados. Os dois, em diferentes regiões do país, são sincretizados na umbanda com Ogum e Oxossi. Orixás igualmente guerreiros e batalhadores, defensores do bem.

Com a energia deste dia tão importante, Barack Obama assumiu a presidência dos EUA no ano passado. Aquele que foi um dia mágico não só para os americanos, mas para cada negro no mundo. A maior potência mundial estava sendo liderada por um semelhante. Para um povo que sofreu com a escravidão durante mais de 300 anos, que teve um número de homicídios infinitamente maior do que o Holocausto, que sofre com a fome, analfabetismo, descaso, doenças, sem que alguém se mova para ajudar. Quando aquele homem dizia: “Yes, we can!” Ele falava por 2 bilhões de pessoas.

Um ano não é muita coisa e Obama ainda precisa de muito mais do que ser o primeiro presidente americano negro para entrar para a História de verdade. Mas no coração de cada ser que assistiu a posse ao vivo ou pela TV, ele já está marcado. Somente carregado pela energia dos guerreiros ele poderia chegar lá.

A política americana é complicada de entender se tentarmos fazer um paralelo com nossa realidade. Por incrível que pareça, aprovar alguma lei lá é muito mais difícil do que aqui. E diferente da nossa cultura, promover melhorias para os mais necessitados, dando-lhes “vantagens”, como assistência de saúde, não é visto com bons olhos por boa parte da população(republicanos). O nosso SUS é algo de primeiro mundo perto do sistema de saúde americano. Esqueçam seriados como E.R., House, Grey’s Anatomy...aquilo não existe.

Diferente de seu antecessor, Obama não parece tão afeito a guerras sem motivo. Porém se encontra em uma encruzilhada com as duas guerras inúteis que Bush lhe deixou. Acabar com tudo, reduzindo despesas e aceitando o erro americano ou permanecer e tentar consertar? O custo da manutenção das tropas no Afeganistão e no Iraque contrasta com um país com déficit de empregos após a crise financeira mundial.

Espero que Obama assuma o exemplo deixado por São Sebastião: só lutará em defesa de causas justas. A guerra pela guerra não é um ato nobre e sim vandalismo.

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